Informante do FBI, hacker pode ter mantido contato com brasileiros
'Sabu' era referência no movimento que se define como sem líderes.
Em conversa, após prisão, ele teria cedido senhas de sites para brasileiro.
Foto tirada na última quarta-feira (7) mostra o
prédio onde Sabu foi preso (Foto: Mary Altaffer/AP)
Um hacker conhecido como Sabu está cooperando com a polícia norte-americana para desmascarar ataques a sites desde pelo menos agosto de 2011, quando se declarou culpado de 12 invasões, segundo comunicado divulgado pelo FBI, a polícia federal americana, na última terça-feira (6).
Até 2 dias atrás, a prisão dele, ocorrida em junho do ano passado, era mantida em segredo. No mesmo comunicado, o FBI informou que ele e outros 5 hackers dos Estados Unidos e do exterior foram acusados pelas 12 invasões.
Operações realizadas nos EUA e em outros países desde o ano passado resultaram na prisão desses e de outros supostos membros do Anonymous, um movimento que se declaram sem líderes e sem hierarquia, criado como forma de organizar protestos on-line. Seus seguidores criaram subgrupos que teriam desdobramentos no Brasil.
Um desses subgrupos era o chamado LulzSec, chefiado por Sabu -- cujo nome verdadeiro, segundo o FBI, é Hector Xavier Monsegur. Criado em maio de 2011, o grupo assumiu ataques a sites de Sony, Fox, PBS, InfraGard, do Senado dos EUA, do próprio FBI e da CIA durante os 50 dias em que durou.
Em junho passado, o LulzSec anunciou seu fim, dizendo que iria se unir ao Anonymous e ao movimento chamado Antisec. A relação com o Anonymous, no entanto, seria mais antiga. Um dos ataques pelos quais Sabu e outros integrantes do LulzSec são acusados, à empresa de segurança HBGary, foi assumido por membros do Anonymous em fevereiro de 2011.
Fox News mostra supostas fotos do hacker
(Foto: Reprodução/Fox News)
Contato com o Brasil
A influência de Sabu teria chegado ao Brasil, onde foram criadas duas "filiais", a LulzsecBR e a LulzsecBrazil. Na conta The Real Sabu, no Twitter, Monsegur mantinha contato com brasileiros e postava inclusive em português.
Não há confirmação oficial de que as mensagens foram escritas por ele, mas as mesmas pessoas que tinham contato com o Real Sabu no Twitter também se relacionavam com a mesma identidade em outras redes de comunicação do Anonymous, publicadas em um site que armazena textos.
Segundo o jornal "The Guardian", que obteve acesso aos documentos do indiciamento dos hackers, o "personagem" de Sabu na internet foi mantido por Monsegur após a prisão, porém "sob orientação do FBI".
Em julho passado, já sob custódia da polícia, o hacker começou a publicar mensagens em português. Em um post naquele mês, o The Real Sabu identificava "canais oficiais" para comunicação do movimento hacker Antisec no país: "@antisec_brasil será o twitter legítimo onde as ações do #antisecbr serão anunciadas. Avante, irmãos! #anonymous".
Senhas de sites brasileiros
Mais recentemente, mensagens divulgadas na internet indicam que Sabu colaborou com o hacker brasileiro conhecido como Havittaja. Os posts de Havittaja no Twitter, onde tem 6 mil seguidores, dão a entender que ele age sozinho, não em grupo. O site Zone-H, que registra sites "pichados", tem 120 ataques em nome do hacker, que usa uma imagem em referência ao Anonymous e publica mensagens do movimento nas páginas atacadas.
Havittaja se disse responsável pela queda de vários servidores dos governos do Distrito Federal e do Rio de Janeiro no início deste ano e pela invasão dos sites da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e também do vice-presidente Michel Temer. Em um documento que revela o endereço de 80 sites atacados por Havittaja e outro hacker chamado de "evilc0de", Sabu aparece nos "agradecimentos especiais".
Em uma conversa publicada em um site de armazenamento de textos em 24 de janeiro passado, com a assinatura de Havittaja, o hacker brasileiro cita que Sabu teria cedido senhas de sites nacionais – inclusive do governo – e reproduzir a suposta conversa. O "Guardian" diz que, como informante do FBI, Sabu cedia o acesso a servidores que normalmente são usados para esconder a origem dos ataques. Nos EUA, porém, os servidores estavam sendo monitorados pela polícia, permitindo a identificação dos outros hackers.
Na última quarta, um dia após as revelações do FBI, o Twitter brasileiro @AnonIRC, que tem 11 mil seguidores, manifestou preocupação: "@AnonymouSabu passou diversos dados ao nosso irmão @Havittaja, como forma de incriminá-lo". O próprio Havittaja, no entanto, questionou: "o FBI deixou que ele destruísse sites brasileiros?". Na terça, Havittaja já havia dito no Twitter que se descuidou: "Infelizmente, descuidei-me nas últimas ações, apoiadas pelo Sabu. Ele me passou quase todos os dados, estou muito vulnerável no momento".
Deixe um comentário não custa nada!
Category: Hacker, Noticias, Tecnologia