Análise: Motorola RAZR i, o 1º smartphone com chip Intel no Brasil
Com processador de 2 GHz e Android 4, aparelho tem design compacto, é bastante poderoso e tem um preço muito atraente
A vasta maioria dos smartphones e tablets no mercado, sejam com Android, iOS ou Windows Phone, usa processadores baseados na arquitetura ARM, desenvolvida por uma empresa inglesa de mesmo nome. Eles são pequenos, tem bom desempenho, consomem pouca energia e produzem pouco calor, o que os torna ideais para os dispositivos móveis.
De olho nesse enorme mercado a Intel decidiu adaptar seus processadores, tradicionalmente usados em desktops e notebooks, para os dispositivos móveis. O resultado é o “Medfield”, um "sistema em um chip" (SoC) que é uma variante do Intel Atom integrando processador, GPU e periféricos em um só chip, rodando a 2 GHz.
Motorola RAZR i
Em janeiro deste ano a Motorola foi uma das primeiras grandes fabricantes a anunciar uma parceria com a Intel para usar estes novos chips em seus aparelhos. E o primeiro fruto desta parceria acaba de chegar ao mercado nacional: é o RAZR i, um smartphone Android compacto, poderoso e com um preço muito atraente.
Design e hardware
O RAZR i tem um design elegante, e o chassis em alumínio pintado de preto e a traseira em Kevlar passam uma sensação de solidez, reforçada pelo design compacto: apesar da tela Super AMOLED de 4.3” o RAZR i tem quase o mesmo tamanho (12,2 x 6 cm, com 8.3 mm de espessura e peso de 126 gramas) de aparelhos com telas de 4” como o Samsung Galaxy S II Lite. Quando comparado a um RAZR MAXX a diferença chega a ser gritante, apesar de ambos terem telas do mesmo tamanho e resolução (540 x 960 pixels).
A Motorola conseguiu isso de duas formas: reduzindo ao mínimo as bordas ao redor da tela e eliminando os tradicionais botões Android logo abaixo dela, substituídos por botões virtuais (algo que a Google espera de todo aparelho que rode nativamente o Android 4 ou mais recente). Isso também ajuda a chamar a atenção para a tela, que produz imagens nítidas e com cores vibrantes.
RAZR i (à esquerda) é menor que o RAZR MAXX, apesar de ter uma tela do mesmo tamanho
Na lateral direita do aparelho ficam o botão de força, controle de volume e um botão para a câmera, algo raro hoje em dia. Na lateral esquerda há uma tampa cobrindo os slots para um cartão microSIM e microSD, além de uma porta micro USB para carga da bateria e conexão a um computador. Infelizmente, não há uma porta HDMI para conectar o aparelho a uma TV de alta-definição.
Falando na bateria, assim com nos outros RAZR ela não pode ser removida pelo usuário. Mas no dia-a-dia isso não chega a ser um problema já que a autonomia é muito boa, como veremos mais adiante.
O RAZR i é equipado com um sistema NFC, para comunicação por proximidade com outros smartphones e objetos ou equipamentos compatíveis. Por enquanto o principal uso é o Android Beam, recurso que permite a troca de informações (como contatos, fotos e links) entre dois smartphones apenas aproximando um do outro. Mas ela também é a chave de sistemas futuros de pagamento eletrônico onde o celular funciona como uma "carteira" para pagar pequenas compras no dia-a-dia, como o Google Wallet, que já está sendo implantado nos EUA.
Software
O Motorola RAZR i roda o Android 4.0.4 e o sistema é surpreendentemente “limpo”, com poucas modificações. Entre elas duas bastante úteis: na extrema esquerda da tela inicial há um painel com ajustes rápidos (como Wi-Fi, GPS, Dados, modo avião e outros), e na extrema direita outro que ajuda o usuário a adicionar telas extras: é possível adicionar uma tela em branco ou escolher um modelo (como Ferramentas ou Entretenimento) com alguns apps e widgets pré-definidos.
Por ter um processador completamente diferente da maioria dos outros smartphones Android, era de se esperar que o RAZR i tivesse incompatibilidade com alguns aplicativos, ou que se comportasse de forma um pouco diferente. Mas felizmente isso não acontece: testei vários apps de diversas categorias, de jogos a utilitários, e todos rodaram sem problema algum.
Painéis na tela inicial fornecem ajustes rápidos (à esquerda) ou ajudam a adicionar telas extras
E o comportamento do sistema é absolutamente idêntico ao de outros smartphones Android. Algo muito bom e o oposto do que a Microsoft fez com o Windows 8, que tem versões diferentes (RT e Pro) para processadores diferentes (ARM e x86), com recursos diferentes, o que pode causar confusão entre os usuários.
Há pouco software pré-instalado, entre eles o pacote office Quick Office (capaz de criar e ler documentos nos formatos do Microsoft Office), um manual eletrônico (chamado Guide Me), uma versão de demonstração do jogo FIFA 12 e o Smart Actions, que permite programar ações que são executadas automaticamente quando uma determinada condição é atingida. Por exemplo, desligar os alertas e reduzir o brilho da tela de madrugada, para não perturbar seu sono, ou abrir o reprodutor de músicas sempre que você plugar os fones de ouvido.
Câmera
No geral a câmera de 8 MP do RAZR i faz fotos boas sob a luz do dia, mas à medida em que a luminosidade diminui o ruído de cor aumenta, e a nitidez das imagens também é prejudicada. Não é um problema tão sério como no Galaxy Nexus ou Xperia S, mas é notável.
Exemplo de foto feita com o RAZR i. Clique para ampliar
Além de um modo para fotos panorâmicas a câmera também tem um modo HDR, que combina múltiplas exposições para produzir imagens com melhor contraste entre as áreas claras e escuras, além de cores mais vivas. O software analisa a cena na hora da foto e até sugere o uso do modo HDR, piscando um ícone no rodapé da tela. A imagem abaixo mostra a mesma cena, fotografada sem e com HDR. A diferença é clara.
Como no Samsung Galaxy S III a câmera conta com um modo Burst, que é capaz de fazer 10 fotos em um segundo com um único toque no botão, algo muito útil ao fotografar esportes, crianças ou animais. Infelizmente não há um recurso como o “Best Photo” do aparelho da Samsung, que ajuda a escolher a melhor foto da sequência. É necessário ver as fotos uma a uma e descartar manualmente as que não ficaram boas.
O RAZR i grava vídeos em Full HD (1080p). Na hora de filmar é possível ajustar o foco tocando na imagem (Touch to Focus) e usar o zoom digital.
Desempenho
Quem esperava que o RAZR i, equipado com um processador Intel single-core de 2 GHZ, fizesse frente ao poderoso Galaxy S III e seu processador quad-core de 1.2 GHz, vai ficar desapontado. Em nossos benchmarks o aparelho da Motorola chegou a 6267 pontos, um resultado bem longe dos 12045 pontos do modelo da Samsung.
Mas não se desanime: esse é mais ou menos o mesmo resultado de aparelhos com processadores ARM dual-core como o RAZR, RAZR MAXX e Galaxy Nexus, o que, na prática, significa um ótimo desempenho no dia-a-dia. Vale notar que no uso típico não notei as “engasgadinhas” que às vezes podem ocorrer com outros aparelhos ao rolar uma página web cheia de imagens ou alternar entre aplicativos, o que contribui para a sensação de velocidade. Também não tive problemas ao rodar jogos como Real Racing 2, nem ao reproduzir vídeo em alta-definição.
Resultado do benchmark do RAZR i com o AnTuTu
A segunda pergunta mais frequente sobre o RAZR i que ouvi durante a semana que passei com ele foi: “ele esquenta muito?”. Dá pra entender o motivo: as pessoas estão acostumadas a ver seus notebooks esquentarem, e se o chip Intel do notebook esquenta, o do smartphone deve esquentar também. Mas posso afirmar que o RAZR i esquenta, mas não mais do que outros smartphones Android que já passaram por minha mão.
Bateria
A pergunta mais frequente sobre o RAZR i foi: “quanto tempo a bateria dura?”. Provavelmente também motivada pelas lembranças de (muitos) notebooks que mal aguentam três horas fora da tomada.
Mas a autonomia foi uma ótima surpresa: em uso típico consegui pouco mais de 17 horas de uso, incluindo aí duas horas de navegação via 3G, meia hora de YouTube via Wi-Fi, uma dúzia de fotos, uma partida de meia-hora de Real Racing 2, algumas chamadas e mensagens SMS e atualizações constantes em segundo plano de e-mail e redes sociais.
Relatório de bateria no RAZR i. Mais de 17 horas de uso em uma só carga
Já no teste de reprodução de vídeo, feito com o aparelho no modo avião e o brilho da tela em 50%, consegui uma autonomia de cerca de 8 horas e 20 minutos. Ambos são resultados muito bons, ainda mais considerando que o RAZR i não tem a ajuda da imensa bateria de 3.300 mAh de um RAZR MAXX.
Conclusão
O Motorola RAZR i é um excelente começo na parceria entre a Motorola e a Intel. Não é o smartphone mais rápido que já vimos, esse é o Samsung Galaxy S III. Nem o com a melhor bateria, esse é o RAZR MAXX. Mas sem dúvida é um dos mais equilibrados que já passaram por nossas mãos, e o preço sugerido, de R$ 1.299, é muito atraente. Se você procura um bom smartphone Android, mas não sabe qual modelo escolher, vá de RAZR i.
via Pc World
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