Uma clássica história de terror contada a partir de seu Move
Um dos meus maiores arrependimentos recentes em relação a video games foi ter comprado um PlayStation Move. Acreditei no potencial do acessório e, desde então, ele acumula poeira em minha estante após alguns poucos dias de uso. No entanto, quando eu estava prestes a perder as esperanças quanto à utilidade do aparelho, a Sony apareceu com Until Dawn.
A novidade apresentada durante a última gamescom pegou muita gente de surpresa, principalmente por conta de sua temática. Lembra-se dos filmes de terror adolescente clássicos dos anos 80 e 90, como “Pânico” e “Sexta-feira 13”? Pois o gênero retorna, desta vez em seu PlayStation 3 na história de oito jovens que precisam sobreviver até o amanhecer a um perigo desconhecido. Uma proposta simples e muito utilizada nos cinemas, mas que parece funcionar muito bem no console.
Clichês revisitados
Faça um esforço e tente se lembrar de todos os filmes antigos de terror. Certamente, todos eles possuem características bem semelhantes em sua construção básica, como o grupo de jovens reunidos em algum lugar, as piadas sobre uma iminente tragédia, a tensão sexual entre um casal e as loiras que gritam desesperadamente. Tudo isso marcou o estilo cinematográfico e está sendo usado como base construir a experiência de Until Dawn.
As semelhanças com longas-metragens como “Pânico” e “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” não são ao acaso. Desde o princípio, o game da Supermassive foi apresentado como um resgate dessa narrativa, tanto que nem mesmo os clichês foram ignorados.
No jogo, acompanhamos um grupo de oito jovens que decide passar um tempo em uma cabana isolada no meio de uma floresta. Como em todo filme, as coisas parecem normais até que alguém decide se afastar e dar início a uma sequência de sustos e cenas mais apelativas.
No caso de Until Dawn, o casal Jessica e Michael deixa seus companheiros para trás exatamente para buscar um pouco de privacidade. Afinal, você sabe como é: eles ainda estão na puberdade, se amam e estão no meio do nada. Quer um contexto ideal para as coisas acontecerem? O problema é que nem só de amor e hormônios vive aquela floresta.
Durante a demonstração disponibilizada para o público durante a New Yok Comic-Con, o jogador se depara com mais um momento clássico do gênero. Enquanto caminham por uma trilha totalmente sem iluminação, eles namoram, fazem piadas com a situação e ainda encontram espaço para se assustar com uma ou outra coruja que passa voando por ali. No entanto, o que eles não esperam é ouvir o grito desesperado de um animal.
Um pouco mais à frente, o casal encontra o corpo de um cervo mutilado. O sangue e as feridas ainda frescas mostram que tudo foi muito recente, o que significa que há algo de muito errado por ali — mas não o suficiente para impedir que a dupla encontre uma cabana abandonada para ficarem a sós.
É nesse momento que temos a cena de quase nudez exibida no trailer de anúncio. Afinal, eles estavam ali para isso, não é mesmo? Porém, antes que eles possam aproveitar o momento, algo invade a janela do local, perfura o abdômen de Jessica e a leva para fora, deixando seu pobre namorado sem saber o que aconteceu, apenas ouvindo seus gritos e vendo a trilha de sangue que o conduz até uma velha mina. É apenas o início de uma história que promete tirar o fôlego de muita gente.
E o Move?
Você deve estar se perguntando onde é que o PlayStation Move entra em tudo isso, não é mesmo? Como apresentado pela Supermassive, todo o controle de Until Dawn acontece a partir do sensor de movimento do PS3, o que deixa as coisas muito mais imersivas.
Além da câmera em primeira pessoa e o ambiente escuro que “engole” o jogador, o game usa o acessório para prender ainda mais sua atenção. Assim como acontecia na versão para Wii de Silent Hill: Shattered Memories, o periférico funciona como a lanterna que oferece a única fonte luminosa de todo o título. Ao apontar para um ponto específico da tela, o personagem reproduz a ação e ilumina a área para que você veja o que está escondido por ali. De resto, temos apenas a escuridão.
No entanto, o Move também possui outras utilidades mais práticas. Todos os puzzles e desafios que os personagens encontrarão pelo caminho devem ser resolvidos a partir de seu movimento. A boa notícia é que tudo está muito preciso, o que significa que a ação de puxar uma alavanca ou girar uma chave para abrir uma porta será bem realista.
No entanto, a produtora promete que as coisas não serão tão básicas assim. De acordo com ela, até mesmo os momentos em que Michael tira as roupas de sua namorada ou tenta acender a lareira pouco antes de ela ser atacada terão de ser reproduzidos. O mesmo acontece na hora de usarmos uma arma, uma vez que o tempo de resposta ao apertar o gatilho deve ser imediato.
Uma história, oito perspectivas
Sabe aquelas histórias de terror em que as pessoas sentam-se em torno de uma fogueira e contam sua própria versão dos fatos? Pois esse é o tom que gira em torno da narrativa de Until Dawn.
Como dito, o jogo conta com oito personagens que decidem uma noite em uma cabana abandonada. Por mais que, até agora, tudo tenha se resumido ao casal azarado, a Supermassive promete que teremos oito diferentes pontos de vista em todo o game, uma vez que cada um dos jovens poderá ser controlado pelo jogador.
O ponto é que a própria trama faz com que esse grupo se divida em quatro duplas. Cada um desses grupos vai lidar de maneiras diferentes com as tragédias e apresentar sua perspectiva sobre o mistério que ali reside. A boa notícia é que, mais do que mostrar como cada um deles encarou o ocorrido, teremos um sistema de escolha que promete fazer com que cada experiência seja única.
Segundo a produtora, o grupo pode ser inteiramente massacrado ou sobreviver ao mistério, dependendo unicamente das habilidades e das escolhas de quem segura o controle. Isso significa que, mesmo que Jessica tenha sido morta na cabana, a história de Michael segue em frente. Por outro lado, caso você consiga evitar sua morte, o casal permanece vivo e as consequências para o enredo são totalmente diferentes.
Ainda não sabemos exatamente o que nos espera pela frente, mas a promessa é que tenhamos uma história envolvente, com gosto de nostalgia, e com muitas possibilidades pela frente. É claro que o apelo ao clichê é algo perigoso, podendo ser muito bom um erro gigantesco — principalmente por conta de sua previsibilidade. Porém, por enquanto, damos o benefício da dúvida e esperamos ansiosos pela possibilidade de tirarmos a poeira do Move.
Fonte: Kotaku, Destructoid, 1UP
via BJ
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