Conheça Cadu e CaRINA, os projetos de veículos autônomos no Brasil
Quando disseram ao mundo que tinham desenvolvido um carro completamente automatizado, pronto para realizar tudo o que um automóvel comum é capaz, só que sem a intervenção da mão humana, os engenheiros do Google, autores da façanha, esperaram até que o Toyota Prius adaptado tivesse percorrido 220.000 quilômetros, utilizando os softwares e sensores desenvolvidos pela turma de Mountain View.
De lá para cá muita água rolou. O governo dos EUA concedeu licença ao carro, a BMW iniciou seus testes e recentemente a Nissan entrou na jogada e apresentou seu próprio carro que dispensa motorista. Para incrementar a discussão, o TechTudo foi atrás de projetos nacionais que pretendem construir veículos autônomos. Conheça Cadu e CaRINA.
CADU, o veículo autônomo mineiro
O Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento de Veículos Autônomos (PDVA), vinculado à Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é um dos pioneiros nesse campo de pesquisa.
O protótipo desenvolvido pela equipe tem o simpático nome de CADU (acrônimo para Carro Autônomo Desenvolvido), e se locomove por comandos de computador, seguindo coordenadas de GPS inseridas em seu sistema de navegação interno. E isso pode ser feito via voz, texto ou através de um joystick, como nos – antigos – videogames.
A equipe liderada pelo professor Guilherme Pereira iniciou os testes em 2007 e tem se dedicado a melhorar os sensores responsáveis por identificar obstáculos e mudanças na rota. Explicando: um veículo autônomo simula o comportamento do cérebro humano, cruzando informações dos mapas arquivados em sua memória, com as percepções ocorridas em tempo real. Assim, pode desviar ou frear, por exemplo.
No projeto da UFMG foram combinados GPS, acelerômetros (que medem a aceleração do veículo) e girômetros (para medir a velocidade angular). Além disso, o veículo conta com dispositivos externos, como câmeras de vídeo, sensor de distância a laser, que é um feixe de luz que percorre o ambiente e mede a distância entre os veículos, e sensores ultrassônicos, os mesmos utilizados nos já conhecidos sensores de ré, instalados de fábrica em alguns modelos convencionais.
A utilidade do carro vai além de ser um meio de transporte. Os protótipos desenvolvidos podem auxiliar na busca e resgate de vítimas em incêndios, inundações e acidentes e promover a vigilância de grandes áreas e o monitoramento ambiental.
Criado para ser plataforma de testes de diversas tecnologias, o CADU aponta para o desenvolvimento de tecnologias assistivas e complementares aos modelos atuais. Por exemplo, poderemos ensinar os carros a desacelerar automaticamente quando ultrapassarem a velocidade da via, estacionarem sozinhos ou seguir de modo automático em engarrafamentos.
CaRINA, projeto completamente autônomo da USP
A USP de São Carlos figura como outro representante da seleta e ainda curta de lista de projetos de carros autônomos no país. O CaRINA (acrônimo para CARro Inteligente para Navegação Autônoma) tem alguns diferenciais interessantes. Sua câmera, por exemplo, imita o olhar humano, com alguma vantagem: por ler também a temperatura, ela se sai melhor em situações de neblina.
O CaRINA, que começou a ser desenvolvido em 2010, sai na frente ainda por já apresentar uma versão complemente autônoma (o projeto da UFMG ainda não chegou nessa fase), a única no Brasil. Em setembro, o veículo foi testado na USP com sucesso.
A automonia é resultado da utilização de diversos sensores como laser rangefinders, câmeras, GPS e bússola digital. O veículo também tem como objetivo a complementação da capacidade do condutor, criando um ambiente mais seguro de condução.
As duas questões por trás dos veículos autônomos no Brasil
O primeiro grande impacto que projetos como esses representam para a nossa indústria é o da nacionalização da tecnologia. É consenso entre os pequisadores das duas instituições que precisamos abandonar a fase das “montadoras” e começar a desenvolver soluções brasileiras que melhorem o ato de dirigir sem representar grandes acréscimos de preço.
A segunda questão, essa mais sintonizada com o lado global da questão, refere-se à adaptação da legislação sobre carros autônomos. Na Califórnia, a lei que autoriza os testes em vias públicas só foi assinada no dia 25 de setembro.
E por aqui? Sem sinal por enquanto. As pesquisas continuam em seu momento embrionário, criando protótipos cada vez mais completos, mas que ainda precisam de muitos testes. Mas, ao ser parado em uma blitz, qual será a resposta de um modelo autônomo?
via Tech Tudo
Category: Bmw, Nissan, Noticias, Tecnologia
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