Nas entranhas da deep web: o que há de bizarro na 'parte de baixo' da internet

Thaylan Sk | 11:18 | 0 comentários

Drogas, armas, assassinatos e outras coisas. Existe bastante conteúdo sensível por lá

Reprodução
Deep web
Leonardo Pereira

Nós já explicamos o que é a "deep web" e o que ela tem de bom, mas chegou a hora de tratar sobre a parte pesada dessa camada praticamente invisível da rede mundial de computadores. Antes, é preciso deixar claro que o Olhar Digital não está incentivando vocês a procurarem por conteúdo estranho, nossa intenção com esta série é justamente informá-los sobre o que existe por aí. A DW não é ilegal e, como mostrado pela Stephanie Kohn na reportagem anterior, há bastante coisa interessante por lá.

A Hidden Wiki, citada na primeira reportagem, não é o diretório central da DW, é apenas o caminho mais conhecido, mas mesmo lá os primeiros links destacados são sobre tráfico de drogas. Além dela há buscadores que vão aonde o Google não chega e, por isso, encontram de tudo - principalmente no que se refere a material pornográfico. Talvez o mais impressionante seja os sites com conteúdo relacionado a parafilias: neles se vê pedofilia, necrofilia, zoofilia... Tudo comercializável.

Bizarro

Passei um tempo navegando entre páginas com URLs intermináveis que, ao serem carregadas, revelavam nada mais do que uma imagem estática, ou uma porção de códigos ininteligíveis, ou, então, nada. Às vezes recarregava o endereço e a página simplesmente não existia mais. Há muito disso na deep web, principalmente quando se trata de conteúdo inapropriado - para proteger tanto quem publica, quanto quem foi parar ali por acaso.

Há, sim, links que chegam facilmente a conteúdo pouco usual, mas a maioria do material está bem escondida por esse esquema de camadas. Quando você se depara com uma página aparentemente sem sentido, provavelmente há algo a mais para ser mostrado, mas que só pode ser acessado com a chave certa - que pode ser, por exemplo, uma letra ou um número diferente na URL. E nem sempre basta passar da primeira camada para chegar ao conteúdo; há quem diga que existem sites com até oito páginas falsas na frente.

Por trás disso existem sites com grupos cujo "passatempo" é matar outras pessoas das formas mais bizarras, outros que exibem méritos enquanto pedófilos, diversos tipos de extremismo, canibalismo (com quem come e quem se voluntaria a ser comido). Tráfico humano, terrorismo, nazismo e muitos outros temas, digamos, sensíveis, estão na DW. "Nada do que tem lá eu considero relevante para uma pessoa normal", criticou um programador com quem conversamos.

Comércio alternativo

Superficialmente, o que parece fazer mais sucesso é o tráfico de drogas, tanto que existem listas de vendedores recomendados, de acordo com a confiabilidade de cada um. Mas o comércio de armas corre solto, assim como o de contas do PayPal e de produtos roubados - existem lojas específicas para marcas como Apple e Microsoft, por exemplo. Também dá para contratar assassinos de aluguel que possuem valores para cada tipo de pessoa (celebridades, políticos etc.), com preços que vão de US$ 20 mil a US$ 150 mil.

Cibercriminosos e espiões oferecem seus serviços, e tem gente que garante fazer trabalhos acadêmicos sobre qualquer assunto, sem copiar de lugar algum. Sites promovem turismo sexual e, por menos de US$ 1 mil, prometem buscar o comprador no aeroporto. Outro destaque é a venda de documentos falsos, com páginas que oferecem até cidadania norte-americana. O dinheiro é abolido na DW e poucos negociantes confiam no PayPal, a bola da vez é mesmo a Bitcoin, uma moeda digital que torna as transações mais seguras.

Autoridades do mundo inteiro estão na deep web observando os passos de quem está lá dentro, talvez até com agentes se passando por usuários para obter informações e tentar antecipar ações ou desmascarar criminosos. É muito mais difícil encontrar os diretórios e identificar os internautas por lá, em função dos nós de acesso criados pelo Tor e dos serviços de hospedagem e armazenamento invisíveis da rede Onion. Mas nada é impossível, tanto que o Anonymous já expôs dados de milhares de pedófilos que usavam a DW (veja aqui).

Por mais que as coisas ali soem bizarras demais para o internauta comum, o especialista em segurança Jaime Orts Y Lago lembra que nada do que consta na rede alternativa está longe de ser encontrado nas ruas, cabe à pessoa decidir o caminho que lhe interessa. "Você não pode perder a oportunidade de viver neste mundo por medo", comentou, se referindo ao que há de positivo na DW. "Tem que se proteger, fazer as coisas com consciência, mas deixar de fazer por medo é perder uma vida."

via Olhar Digital

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